O Projeto


Compartilhar com o público especializado e o grande público as imagens e o conhecimento acumulados pelo fotógrafo paraense Paulo Santos sobre a Amazônia é o objetivo do projeto Amazônia - Estradas da Última Fronteira, que condensa em uma exposição fotográfica itinerante três aspectos da realidade desta vasta região: o homem e o meio, os conflitos regionais e as grandes indústrias de transformação.

A exposição, que já esteve no Museu Histórico do Estado do Pará, em Belém, chega a Brasília, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, no próximo dia 07 de Fevereiro.

Paulo Santos ressalta que Brasília é, do ponto de vista jornalístico, um dos vértices da informação, para onde convergem todos os olhares brasileiros, sendo ao mesmo tempo a origem das notícias que importam ao mundo. Dessa forma, o projeto cumpre um roteiro inevitável. Mas, acima de tudo, cria uma ponte de conhecimento, mais do que de informação, entre as referências da Capital do Brasil e as da região mais desconhecida deste País.

Essa abordagem, pouco difundida, contribui tanto para discutir as questões próprias da fotografia, como as pertinentes ao contexto amazônico. Mosaico socioambiental, a Amazônia de hoje é indígena, quilombola, ribeirinha. Além de comportar uma variedade de paisagens e tipos humanos decorrente da ocupação mais recente da região. Na esteira de várias atividades econômicas (pecuária, mineração), acelerou-se o processo de urbanização, com o rápido crescimento de cidades médias e o aparecimento de novos municípios. Fatores esses geradores de riquezas, mas também de frequentes disputas sociais.

Para mostrar a complexidade da Amazônia e quem nela vive, seus costumes e sua cultura, os embates e perspectivas, tanto a partir de elementos da história quanto do dinamismo atual, a exposição Amazônia: Estradas da Última Fronteira constitui-se de três módulos:

1) Povos da Mata – formada pelos tipos humanos, culturas, o trabalho, as populações tradicionais (ribeirinhas e urbanas) e o meio ambiente.
2) Estradas da Última Fronteira – constituído por imagens provenientes do trabalho jornalístico que testemunhou as disputas regionais pela posse da terra, muitas delas com derramamento de sangue; a destruição do meio ambiente, entre outros importantes temas da história recente.
3) A Indústria da Transformação – abrange imagens acerca dos grandes processos industriais, responsáveis por parte importante do PIB brasileiro e desconhecidos pela maioria da população; um ponto de vista estético dos processos industriais de transformação dos bens naturais.

A mostra não se restringe à linguagem fotográfica, uma vez que as imagens situam-se em um universo que pode gerar discussões e formulações de um pensamento crítico abarcando questões culturais, sociais e políticas sobre a Amazônia. Com a curadoria de Marisa Mokarzel, doutora em Sociologia, o projeto difunde um conhecimento relativo às especificidades da imagem, ao processo fotográfico e à Amazônia – essa, muitas vezes desconhecida dos próprios amazônidas.